Vítimas da lama que atingiu o Rio Doce lançam nova campanha: “justiça”

Vítimas da lama que atingiu o Rio Doce lançam nova campanha: “justiça”

Passados 8 anos desde que a Barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, se rompeu, atingindo a Bacia do Rio Doce, incluindo no Espírito Santo, as vítimas da tragédia estão lançando uma nova campanha por justiça.

A “Revida Mariana” é uma iniciativa do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) por reparação integral e justiça. Diversas ações vão acontecer no Espírito Santo, Minas Gerais e na Bahia

Segundo Thiago Alves, integrante da coordenação nacional, o objetivo é “fazer ecoar a voz das milhares de famílias que continuam sofrendo os impactos dessa tragédia criminosa, exigir compensação integral pelos danos sofridos, dialogar com a sociedade, e mostrar a luta dos atingidos e atingidas nestes quase 8 anos do crime”.

A campanha enfatiza que, até o momento, não houve punição aos culpados (Samarco, Vale e BHP), famílias estão sem abastecimento de água potável, sem renda, moradia entre tantos outros direitos que seguem sendo violados.

Foram produzidas peças e vídeos para redes sociais, imprensa e formadores de opinião, com depoimentos de quem perdeu tudo: casa, parentes, animais de estimação varridos. Pessoas que sobreviveram, mas ainda sofrem, entre eles indígenas e ribeirinhos.

Inglaterra

Um processo sobre o caso tramita na Inglaterra e no País de Gales desde 2018, com a parte acusatória sendo representada pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead. A ação chegou a ser suspensa em 2020, quando um juiz inglês entendeu que, mesmo a BHP tendo sede em Londres, caberia apenas à Justiça brasileira tratar do caso.

Em 2022, o Tribunal de Apelação (Court of Appeal) da Inglaterra decidiu que havia jurisprudência no país. A partir daí, foi aberto um novo prazo até fevereiro de 2023 para inclusão de autores no processo, que chegou 700 mil. Em agosto, a Vale também se tornou ré no processo.

O caso já é a maior ação coletiva do mundo, avaliada em US$ 44 bilhões – cerca de R$ 230 bilhões (somados os juros acumulados em mais de sete anos). O julgamento da ação está previsto para abril de 2024.