Coluna Geremias Pignaton: Toponímia II

Coluna Geremias Pignaton: Toponímia II

Quando da Proclamação da República, no dia seguinte, foi constituído um governo provisório, que substituiria o gabinete chefiado pelo primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto. Os republicanos, reunidos no Instituto dos Meninos Cegos de Benjamin Constant, compuseram o governo provisório da seguinte forma:

Deodoro da Fonseca – Chefe do Governo

Benjamin Constant – Ministro da Guerra

Quintino Bocaiuva – Ministro das Relações Exteriores

Rui Barbosa – Ministro da Fazenda

Aristides Lobo – Ministro do Interior

Campos Salles – Ministro da Justiça

Eduardo Wandenkolk – Ministro da Marinha.

Faltava o nome do ministro da agricultura. Francisco Glicério advertiu que seria importante pôr no novo gabinete um nome do Rio Grande do Sul. Aquele estado havia sido muito importante na luta republicana desde os primeiros momentos. Ele próprio sugeriu o nome de Demétrio Ribeiro, um positivista histórico, ligado ao líder gaúcho Júlio de Castilhos.

Deodoro relutou, nunca tinha ouvido falar em Demétrio Ribeiro, mas como os outros componentes da reunião endossaram o nome, ele acabou aceitando o desconhecido.

O relato acima foi baseado no livro 1889 do Laurentino Gomes, pg. 283, 284, que, por sua vez, cita como fonte o livro Deodoro: a espada contra o império, de Raimundo Magalhães Júnior.

A maioria dos nomes que compuseram o primeiro governo da república é conhecida por todos os brasileiros. Mesmo os que não sabem quem foram, ouviram em nomes de cidades, ruas, praças, povoados...

Dois deles marcaram a história de Ibiraçu e região, mesmo sem nunca terem pisado aqui.

Quintino Bocaiuva deu nome a Ibiraçu do final daquele ano de 1889 até a emancipação do município, em 11 de setembro de 1891. Quando da Proclamação da República, desde a chegada dos nossos primeiros moradores italianos, o povoado se chamava Conde d’Eu. O primeiro governador do Espírito Santo (na época se chamava Presidente do Estado) da era republicana, Afonso Cláudio, ordenou, logo que assumiu, a troca de todos os nomes que lembrassem a dinastia deposta. Ibiraçu, então, passou a se chamar Bocaiuva.

Quase dois anos depois da Proclamação da República, foi criado uma área de assentamento de imigrantes no norte do ainda município de Santa Cruz. A este assentamento foi dado o nome Núcleo Colonial Demétrio Ribeiro. O povoado urbano que se formou no Núcleo recebeu o mesmo nome, que permanece até hoje.

No caso de Ibiraçu, em dois anos e poucos meses, da Proclamação da República até 1º de março de 1892, teve quatro nomes diferentes: Conde d’Eu, Bocaiuva, Guaraná e Pau Gigante. Este último durou até 31 de dezembro de 1943, quando passou a ter o nome atual. O povo, sobretudo do interior, alheio a essas disputas políticas que ensejavam as trocas toponímicas, sequer tomou conhecimento.

Fotos: Quintino Bocaiuva (de barba branca) e Demétrio Nunes Ribeiro