Loba-guará resgatada às margens da BR-101 no ES segue em reabilitação em Aracruz

Uma fêmea de lobo-guará resgatada em estado crítico na última sexta-feira (4), às margens da BR-101, em Atílio Vivácqua, no Sul do Espírito Santo, segue em processo de reabilitação no Centro de Reintrodução de Animais Silvestres (Cereias), Aracruz.
O animal, que chegou a apresentar sinais graves de prostração, apatia e dificuldade respiratória, tem respondido bem ao tratamento e agora passa por uma fase cuidadosa de recuperação.
O resgate foi feito pela equipe de inspeção de tráfego da Ecovias 101. Desde então, a loba vem recebendo atendimento integral, custeado pelo Programa de Proteção à Fauna da concessionária.
De acordo com a bióloga e analista de sustentabilidade da Ecovias, Grazielli Melo Pena, o animal foi encontrado em situação delicada, com sinais evidentes de sofrimento. Encaminhada inicialmente para a clínica veterinária Cevet, em Guarapari, a loba foi atendida pelo veterinário Leonardo Lyra Lyrio, que descartou atropelamento e apontou um quadro infeccioso grave como causa do estado clínico.
"Ela foi tratada com hidratação, antibióticos, corticoides e analgesia com morfina. Com o passar dos dias, vimos uma resposta positiva: ela está melhorando dia após dia”, destaca o veterinário. Um novo hemograma já mostrou sinais significativos de melhora.
Agora no Cereias, a loba-guará — que aparenta ser uma adulta jovem — passa por um processo de reabilitação voltado à futura reintegração à natureza. Embora o estado de saúde tenha evoluído, ainda não há uma previsão de soltura.
“A recuperação está indo bem, mas precisamos avaliar cuidadosamente o quadro clínico, o comportamento do animal e toda a logística de devolução ao seu habitat natural”, explica Grazielli.
O lobo-guará é um animal típico do cerrado brasileiro, mas tem sido cada vez mais avistado em território capixaba. “Essa espécie vem migrando para o Espírito Santo devido à perda de hábitat, mudanças climáticas e outros fatores que afetam sua sobrevivência”, explica Grazielli.
O processo migratório, no entanto, impõe desafios à saúde dos animais, que, muitas vezes, chegam debilitados. “A lobinha teve a sorte de ser vista pela equipe de tráfego. Foi um encontro que, ao invés de trágico, foi uma oportunidade de salvamento”, diz Grazielli.
A equipe do Cereias agora se prepara para um próximo desafio: devolver a loba ao bioma de origem. “Será preciso levá-la para um estado vizinho, como Minas Gerais, onde há cerrado preservado. Essa viagem ainda será programada, mas é fundamental para garantir que ela possa voltar à vida livre com segurança e em um ambiente adequado”, completa.