Dia Mundial da Amamentação: bancos de leite do ES tem apenas 30% do estoque ideal
Nesta terça feira (1) é celebrado o Dia Mundial da Amamentação, data que relembra a importância do consumo e doação de leite materno. Os bancos de leite do Espírito Santo estão com apenas 30% do estoque ideal, o que acende alerta de especialistas.
De acordo com dados da coordenação do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam) da Ufes, os bancos de leite humano (BLH) do Estado estão com baixo estoque para atender a todos os bebês internados na rede hospitalar capixaba. “O estoque total, atualmente, é de 180, quando o ideal seria de 600 litros”, diz a coordenadora do Banco de Leite Humano do Hucam-Ufes/Ebserh, Mônica Pontes.
A Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES) aponta que leite humano é o único alimento capaz de fornecer todos os nutrientes que o bebê precisa para crescer e se desenvolver melhor e não existe nenhum outro alimento capaz de substitui-lo.
Amamentar também é importante pois aumenta o vínculo do recém-nascido com a mãe, proporcionando melhor desenvolvimento da face e musculatura envolvida na fonação, garantindo melhor desenvolvimento neurológico e maior maturidade do sistema imunológico.
A gastropediatra e membra da diretoria de eventos da Sociedade Espírito-santense de Pediatria, Roberta Fragoso, explica a amamentação é imprescindível para o desenvolvimento saudável de um bebê.
“Estudos têm demonstrado que crianças amamentadas têm menos infecções intestinais e nas vias aéreas, assim como o coeficiente de inteligência maior do que uma criança que não foi amamentada”.
Até os seis meses a amamentação é a única forma de alimentação de um bebê. Porém, a pediatra destaca que o ideal é que a criança mame até os dois anos de idade. “Esse período é conhecido como o processo de programação cerebral metabólica e para o aparecimento de doenças crônicas. A nutrição adequada, por meio do aleitamento materno, é muito importante nesse período e tem efeitos duradouros com consequências até pra fase adulta, podendo determinar uma melhor ou pior qualidade de vida nesses indivíduos”.
A importância do aleitamento vai além da relação mãe e filho, englobando, também, a solidariedade. “Quando uma mãe doa leite, além de suprir as necessidades do próprio filho, ajuda também a suprir a de vários recém-nascidos e até de bebês que ainda não nasceram, já que o leite fica armazenado por um tempo”, pontua Roberta Fragoso.
O banco de leite, segundo a médica, permite a manutenção do apoio às lactantes. “Mães que tem dúvidas com relação a amamentação conseguem esse apoio nas questões relacionadas ao aleitamento materno em banco de leite, mesmo que em muitos casos isso ocorra a distância. Além disso, esses centros promovem o fornecimento de informações precisas e atualizadas para potenciais doadoras”.
A psicóloga Naira Caroline Chaves afirma que o processo de amamentação é uma possibilidade de nutrição física e psíquica, já que ele vai além de apenas nutrir e saciar a fome. “O amamentar pode ser fonte de apaziguamento e aconchego. Amamentar um filho também é entregar ternura e a está associado a construção de um vínculo de amor e de entrega”.
Naira Chaves ressalta que a amamentação que decorre com sucesso influencia favoravelmente no desenvolvimento emocional da criança. “Do ponto de vista do bebê, a experiência de sentir fome e ser saciado pela mãe é uma das experiências mais intensas em sua vida inicial”.