Coluna Um olhar além do tempo: O Craving da farmacodependência

A depressão afeta mais de trezentos milhões de pessoas. No Brasil e no mundo, essa epidemia global vem se desenrolando há décadas, mas após a pandemia de Covid-19, o panorama dessa doença tornou-se ainda pior. Com isso, há uma busca incessante por medicamentos antidepressivos. Uma das razões destaca-se o estilo de vida contemporâneo, que impõe um ritmo muito acelerado na rotina. O Rivotril é o nome comercial que a empresa farmacêutica Roche elegeu para o princípio ativo clonazepam Lançado na década de 1970, o Rivotril surgiu com a finalidade de tratar pacientes com epilepsia, mas foi ganhando espeço entre outras finalidades.
Então, logo ganhou popularidade, figurando entre os remédios mais vendidos no Brasil. Este é um cenário que chama atenção por se tratar de uma medicação tarja preta, o qual deve ser usado somente sob prescrição e acompanhamento médico. O Rivotril (clonazepam) é um medicamento da classe das benzodiazepinas – o mesmo de outros remédios como diazepam, lorazepam e alprazolam, por exemplo. Esse tipo de substância atua como anticonvulsivante, sedativo, relaxante muscular. Por isso, ganhou a fama de pílula da paz – como se a bula do clonazepam prometesse tranquilidade e sono profundo. Mas a verdade é que entender sua fórmula e saber para que serve o Rivotril vai muito além disso. A principal função do Rivotril é inibir o sistema nervoso central e agir no ácido gama-aminobutírico, que é um neurotransmissor. Portanto, a ação neste neurotransmissor provoca a redução da tensão, agitação e o estado de alerta.
Eu exponho ao leitor e peço suas próprias conclusões acerca de um dado interessante e ao meu ver impressionante Vende-se no Brasil 5.144 caixas por hora. Saber a quantidade máxima de Rivotril por dia é essencial para evitar efeitos deletérios sobre o organismo. Não se deve exceder 20 mg diárias, sob o risco de hepatotoxicidade e outros efeitos adversos, tais como hipotensão arterial, depressão cardiorrespiratória Decerto, antidepressivos como o Rivotril podem, sim, gerar benefícios substanciais para os pacientes que apresentam certos distúrbios mentais e dificuldades emocionais. Contudo, é preciso avaliar a real necessidade de seu uso, já que não se pode excluir algumas limitações e riscos associadas ao medicamento e devem ser administrados com o devido acompanhamento, tanto de dosagem como de tempo de uso. Lembrando que seus principais efeitos colaterais são basicamente a sinusite, vertigem, perda do equilíbrio e tonturas, coordenação motora anormal, sensação de cansaço. Irritabilidade,dificuldade de concentração na condução de veículos, alterações na libido, distúrbios de memória, ideias suicidas, alucinações, palpitações, anorexia e perda de cabelo. Isso nos remete a ficar atentos a situações de acatisia (inquietação extrema, geralmente provocada por medicamentos psiquiátricos) e a Síndrome das pernas inquietas (desconforto ou dor nas pernas que leva à necessidade de movimentá-las, prejudicando o sono) assim como a possibilidade de quedas, zumbidos e distúrbios auditivos e a sensação de queimação na parte interna da boca. Por fim, o grau de reação pode variar de pessoa para pessoa e de acordo com a dosagem. Recomenda-se ainda que o paciente não dirija veículos ou opere máquinas e tampouco faça a ingestão de bebida alcoólica e utilize exatamente como foi prescrito pelo operador de saúde.
By Romildo Barcellos