Movimento indígena inicia protestos contra governo Lula e marco temporal no STF

Movimento indígena inicia protestos contra governo Lula e marco temporal no STF

Os movimentos indígenas no Brasil, organizados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), decidiram iniciar protestos contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

A principal motivação é a insatisfação com a falta de demarcação de terras indígenas. Esse movimento de protesto ocorre após meses de frustração crescente em relação à administração atual, culminando em uma assembleia extraordinária realizada na segunda-feira (8) para discutir o tema. Além disso, o STF deve iniciar o processo de conciliação sobre o marco temporal em agosto, o que também gera apreensão entre as lideranças indígenas.

Os protestos organizados pelo movimento indígena estão programados para começar nesta quarta-feira (10). Uma parte do movimento já retirou seu apoio à gestão petista, embora outra ala acredite que ainda não é o momento adequado para essa ruptura. Lideranças, sob reserva, têm expressado insatisfação com o fato de que o Planalto não tem atuado em favor da pauta de demarcação de terras indígenas.

A posição de consenso, por enquanto, ainda é de se manterem aliados à ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que é ex-coordenadora executiva da Apib.

O ministro do STF, Gilmar Mendes, marcou para agosto o início do processo de conciliação sobre a lei do marco temporal. Paralelamente, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que trata do mesmo tema está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta quarta-feira.

Essa decisão culmina uma crescente insatisfação do movimento indígena com o governo, principalmente devido à falta de demarcação de terras indígenas. Em abril, Lula contrariou documentos do próprio governo ao recuar e não demarcar dois dos quatro territórios que estavam prontos para tal ação, agravando ainda mais a frustração das lideranças indígenas.

A tese do marco temporal, defendida pela bancada ruralista, afirma que os territórios indígenas devem considerar a ocupação na data da promulgação da Constituição Federal de 1988. Em contrapartida, o movimento indígena considera essa tese inconstitucional, argumentando que o direito às terras é anterior à criação do Estado brasileiro. Eles defendem que a demarcação deve ser baseada em estudos antropológicos, refletindo a ocupação histórica e tradicional dos povos indígenas, e não limitada a um marco temporal específico