Doenças similares à dengue e zika preocupam especialistas para 2025

Doenças similares à dengue e zika preocupam especialistas para 2025

A dengue registrou recordes históricos em 2024, mas a mudança regional e do tipo de infecções de doenças similares também tem mobilizado especialistas e o Ministério da Saúde para o próximo ano.

É o caso do oropouche. Diferentemente das demais arboviroses transmitidas pelo Aedes Aegypti, como a dengue, chikungunya e zika, a doença é oriunda de um inseto chamado maruim. Conhecida desde os anos 1960 no Brasil, era interpretada como casos isolados no Nordeste. Isso mudou.

Um avanço inesperado já foi detectado no Espírito Santo, onde 3.112 casos foram confirmados. Em todo o país, são 10.940 casos de oropouche só neste ano.

Os sintomas são similares aos da dengue, como dores musculares, náusea, diarreia e dor de cabeça. A especialista chama atenção para outro aspecto: a transmissão vertical --da gestante para o bebê. Similar à zika, o oropouche pode causar malformações no feto e até a morte.

Em novembro, a FioCruz confirmou um caso de morte fetal no Ceará. Uma malformação também foi confirmada no Acre, enquanto 23 continuam em investigação. Em julho, a morte de dois adultos por oropouche aconteceu nos estados da Bahia e Maranhão, segundo a Saúde.

Até agosto deste ano, a chikungunya também já havia feito mais vítimas do que em todo o ano passado. Em novembro, foram 200 mil casos, 210 mortes confirmadas e 112 ainda em investigação, de acordo com o monitoramento da Saúde. Além da proliferação do mosquito pelo mapa, fatores como a baixa resistência a anticorpos estão entre alguns determinantes para a letalidade da doença.

A única arbovirose que retrocedeu em 2024 foi a zika, que não registrou nenhuma morte e 6.000 casos. Não há uma explicação para a redução, mas há um motivo para os recordes das demais arboviroses pelo país: a crise climática.

Até então, a presença do Aedes Aegypti era atribuída a regiões mais úmidas e também em períodos mais quentes, como no verão.

Em novembro, um estudo concluiu que, até 2050, a projeção é que 40% dos casos de arboviroses sejam relacionados às mudanças climáticas. O Brasil foi um dos 21 países analisados. Atualmente, 19% dos casos brasileiros estão ligados à crise do clima.

A razão é a mudança no regime de chuva e as mudanças abruptas de temperatura entre as estações. As duas características beneficiam a reprodução de mosquitos e insetos pelo país.

O valor inclui de inseticidas a compra de vacinas contra a dengue Qdenga, que Cunha reconhece ter sido utilizada ainda para uma parcela pequena população --4 milhões de crianças e adolescentes-- devido à limitação de capacidade de produção do laboratório japonês Takeda.

A expectativa é substituí-la pela vacina do Instituto Butantan, que solicitou o registro à Anvisa na última segunda (16).