Coluna Geremias Pignaton: Procissão do Encontro

Coluna Geremias Pignaton: Procissão do Encontro

Padre Carlos Furbetta, missionário comboniano, foi titular da Paróquia São Marcos de Ibiraçu, de 1967 a 1971. Logo que assumiu o cargo, instituiu um forte evento religioso na cidade. Toda Sexta-Feira da Paixão, ao entardecer, partia da matriz uma procissão que se dividia em masculina e feminina.

As mulheres saíam da igreja carregando a imagem de Nossa Senhora, passavam em frente ao Califórnia, desciam a Avenida João Alves da Motta Júnior, entravam pela Avenida Conde d’Eu no sentido leste a oeste. Os homens levavam a imagem de Jesus, carregando a cruz. Eles pegavam a BR no sentido Vitória e voltavam pela Conde d’Eu no rumo oeste a leste. Os dois cortejos se encontravam defronte à prefeitura, pondo as duas imagens frente a frente. A mãe sofrendo com a morte iminente do filho torturado. Praticamente toda a cidade participava.

Neste momento de emoção de toda a sociedade, Padre Carlos subia até a sacada da prefeitura e, com seu potente vozeirão, aumentava ainda mais o clima emotivo do público com uma bela prédica. Muitas pessoas chegavam às lágrimas e soluços.

Na primeira vez que a procissão do encontro se realizou, foi uma grande novidade. Todos estavam curiosos com aquilo tudo, participando ativamente e ansiando pelos acontecimentos. Tudo corria muito bem organizado.

Quando a frente da procissão feminina chegou perto da Conde d’Eu, houve um alvoroço com grande corre-corre. Aquelas que carregavam o andor, largaram no chão e todas começaram a voltar correndo. Quem vinha mais atrás, sem saber o que acontecia, correu também. Dona Luzia, uma senhora já idosa, desandou a correr com todas as forças.

No fundo do cortejo, algumas senhoras pararam e acalmaram as que se encontravam mais apavoradas. Então chegou a notícia: apareceu uma vaca brava que assustou a todas. Felizmente a situação estava contornada, sem que nada grave tivesse acontecido.

Foi então que alguém perguntou a Dona Luzia: a senhora viu a vaca? Ela respondeu ainda muito ofegante: não! Corri porque pensei que a correria fazia parte do ritual.

Todas riram muito e seguiram rumo ao encontro com os homens lá na prefeitura.